Atuação profissional e as competências culturais necessárias para o trabalho na Saúde Indígena

Autores

  • Anapaula Martins Mendes Universidade Federal de Santa Catarina
  • Nádia Cristine Coelho Eugênio Pedrosa Universidade Federal de Santa Catarina
  • Girzia Sammya Tajra Rocha Universidade Federal do Piauí
  • Renan Alves Silva Universidade Federal de Campina Grande
  • Aline Raquel de Sousa Ibiapina Universidade Federal do Piauí
  • Odair José dos Santos Jeanjaque Universidade Federal do Amapá

Palavras-chave:

Saúde de Populações Indígenas, Enfermeiros, Enfermagem transcultural, Competência Cultural

Resumo

Saúde, doença e cuidado podem ter conceitos bastante diversos e influenciam de forma direta na prática médica. O objetivo deste estudo é descrever a atuação de enfermeiros na saúde indígena e as habilidades necessárias para a execução de suas ações. É um estudo descritivo, realizado com 09 enfermeiros do DSEI Amapá e Norte do Pará; através de entrevistas, transcritas e analisadas pela Classificação Hierárquica Descendente, processadas no software IRaMuTeQ. As análises do corpus deram origem a dois eixos e oito classes: Quem sou eu? Formação e construção profissional (classes 8 e 7 – eixo Perfil Profissional). Práxis: processos de adaptação; Articulação entre as práticas médicas; Tempo de inserção em contextos indígenas; Sistemas de Atenção à Saúde; Relativismo Cultural; Formação e desenvolvimento de competências (classes 1,4,2,3,5,6 – Habilidades e competências executadas pelos Enfermeiros). A inserção dos enfermeiros em contextos tão diversos culturalmente, sem uma formação prévia e reconhecimento destes aspectos, influencia de forma negativa no processo de trabalho destes profissionais que necessitam desenvolver competências específicas para tanto. Neste sentido eles buscam estratégias frágeis e morosas de realizar seu trabalho, o que nem sempre resulta em práticas eficazes.

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2024-12-26

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